Somos duas amigas, nascidas no mesmo ano, mas em continentes diferentes, uma na terra do fado, outra na terra do samba, uma loira, outra morena, com um oceano pelo meio, mas que só fisicamente nos separa. Gostamos ambas de nos divertirmos e de coisas bonitas. Sim, vaidosas q.b.. As nossas intermináveis conversas com sotaques sobre quase tudo dão um blog. Porque ainda há muito a descobrir entre os dois países. E afinal não somos tão diferentes assim.



quarta-feira, 27 de abril de 2016

Sociedade brasileira vs sociedade portuguesa

Berta:
Como a classe média alta brasileira é escrava do “alto padrão” dos supérfluos

Ver:

Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.

Imagem do vídeo promocional do Turismo de Portugal
"Portugal - A Beleza da Simplicidade"
Imagem do vídeo promocional do Turismo de Portugal 
"Portugal - A Beleza da Simplicidade" 

O artigo é de 2010, mas reflecte o meu pensamento sobre uma das principais características da sociedade brasileira que conheci: a tremenda distinção de classes. Confesso que me incomodou, acho que até já falei nisso por aqui. 

Em Portugal as classes mais altas, mas mesmo muito altas, também têm enormes propriedades e empregados (agora parece que a palavra mais ética é colaboradores) internos, fardados (como vemos nas telenovelas :-P), mas não é uma realidade comum. Em muitas casas portuguesas há sim uma pessoa que ajuda nas lides domésticas algumas vezes por semana, todos os dias até, mas tem o seu horário, usa a sua roupa. "Babás" e chaffeurs então considero que são casos raros, de uma privilegiada minoria. Conduzimos os nossos carrinhos, e cuidamos dos nossos filhos desde o primeiro dia, eventualmente com alguma retaguarda familiar, mas às vezes nem isso. Sim, é o caos, mas estamos habituados.

Por outro lado, a dependência em pessoal doméstico no Brasil gera emprego... Ponto positivo.

Os portugueses são latinos, está no sangue a vaidade numa casa grande, num carro bom, boa comida, roupa bonita, mas se subirmos mais a norte na Europa não é de admirar um desprendimento a coisas materiais mesmo em camadas abastadas. Provavelmente a casa e o carro de luxo são trocados por um estilo de vida mais modesto, inclusive anda-se muito de transportes públicos (que são bons). Gasta-se sim e muito em viagens, produtos culturais, cuidados de saúde. Não há tanto o culto da moda, do status. Estou a generalizar, claro.

Diria que os portugueses estão assim no meio entre o estilo de vida mais simples da Europa e o gosto pelo luxo da América. Mas há uma maior democratização no acesso a bens e serviços caros. Fruto de diferentes políticas económicas provavelmente. Não há o conceito de "shopping de ricos", "bairro de ricos", como fiquei com a ideia de existir no Brasil. Sim, pode ser um lugar mais frequentado por pessoas de mais posses, mas qualquer um pode ir lá, em princípio não será descriminado. Em princípio também, tá? 

Com isto não quero dizer que o padrão social português é melhor ou pior que o brasileiro. São países diferentes, de várias influências, formas de viver distintas. O nosso talvez seja mais justo, "só" isso... 

É assunto que dá "pano para mangas"... Seria muito bem-vinda a análise de um economista, sociólogo... Eu comento como leiga. :-)

Sem comentários:

Enviar um comentário