Somos duas amigas, nascidas no mesmo ano, mas em continentes diferentes, uma na terra do fado, outra na terra do samba, uma loira, outra morena, com um oceano pelo meio, mas que só fisicamente nos separa. Gostamos ambas de nos divertirmos e de coisas bonitas. Sim, vaidosas q.b.. As nossas intermináveis conversas com sotaques sobre quase tudo dão um blog. Porque ainda há muito a descobrir entre os dois países. E afinal não somos tão diferentes assim.



terça-feira, 22 de abril de 2014

Lisboa decide remover calçadas portuguesas das ruas

Tuca:
É uma pena, mas ... 


Para evitar acidentes com idosos, Lisboa decide remover calçadas portuguesas das ruas.
Cerca de 20% dos habitantes do país têm 65 anos ou mais; pavimento semelhante foi retirado em São Paulo.

Para quem anda por Lisboa, não são apenas igrejas, monumentos, mirantes e o Castelo de S. Jorge que chamam a atenção: é também a própria calçada. Conhecida por seus mosaicos de pedras de calcário irregulares, a “calçada portuguesa” é uma das marcas mais originais do país. Mas, o que é arte para alguns, pode representar um risco para a segurança e conforto de idosos e pessoas com deficiência física. Por essa razão, o governo de Lisboa planeja remover ou modificar parte do pavimento em mau estado até 2017. Em algumas zonas, o piso já foi substituído.

A calçada remonta à tradição romana e começou como um projeto arquitetônico para a região do Castelo de S. Jorge e a Baixa lisboeta depois do terremoto de 1755. Virou moda no século XX e foi exportada para os quatro continentes, em países tão diversos como Austrália, França ou Japão. No Brasil, o calçadão de Copacabana é um exemplo. A avenida Paulista, em São Paulo, era outro, mas, em 2008, as pedras foram trocadas por concreto devido à falta de acessibilidade e à cara manutenção.
Em Portugal, a calçada se disseminou para áreas inadequadas e com técnicas e materiais cada vez piores, segundo a prefeitura. Os resultados são pisos escorregadios pelo polimento acelerado do calcário, difíceis de limpar e caros de manter, suscetíveis a buracos devido ao mau encaixe das pedras e situados em zonas muito inclinadas. Em suma, transformaram-se em um dos vilões dos pedestres com maior dificuldade de locomoção.

Lisboa: Praça D. Pedro IV, mais conhecida como "Rossio",
tem um pavimento chamado “Mar Largo",
que homenageia os descobrimentos portugueses

“Se a calçada é bem feita, as pedras não levantam”, contra-argumenta Ivan Braz, presidente da MyiArts, que organizou uma petição pública com 2,5 mil assinaturas para impedir a retirada da calçada. Em entrevista à Opera Mundi, Braz acusa o governo - que mantém uma escola voltada aos técnicos chamados “calceteiros” - de descaso com o patrimônio cultural e de não fazer a devida manutenção. A prefeitura é enfática: “Como aferir a qualidade da pedra – peça a peça? Como exigir rigor – junta a junta, encaixe a encaixe?”, segundo o documento oficial.

Um dos modelos possíveis a seguir na capital lusitana será o de Barcelona: a cidade espanhola possui 5 milhões de metros quadrados de “panot”, lajes de betume hidráulico com diferentes desenhos. Essa criação do início do século XX aliou a acessibilidade à estética e ajudou a projetar o modernismo catalão em escala internacional. No centro histórico, utilizam-se pedras naturais para adequar-se à arquitetura dos edifícios.

Envelhecimento
A mudança demográfica em Portugal tem tornado a cidade defasada em relação às necessidades da população envelhecida. Cerca de 20% dos habitantes do país têm 65 anos ou mais. Segundo previsões do Instituto Nacional de Estatística, o número de idosos deve triplicar até 2060, enquanto a população total, com baixos índices de natalidade, encolherá para 8,6 milhões de pessoas – uma queda de 18%.

Mas, não são apenas os habitantes do país que envelhecem. Os turistas com mais de 54 anos respondem por 12% do total em Lisboa – algumas pesquisas apontam que o grupo chegaria a um terço. “Esta tendência irá inevitavelmente acentuar-se com o envelhecimento demográfico nos mercados emissores”, segundo documento da prefeitura. Por isso, acredita-se que a mudança na malha urbana beneficiará também os turistas.

Não é o que pensa Braz: “O turista de hoje não procura só as zonas típicas, [mas] ver, sentir e viver o que de mais tradicional ou moderno tem um país.” Uma solução, afirma, seria construir corredores com materiais menos deslizantes no espaço das calçadas. Esta opção também está prevista no projeto do governo em algumas zonas.

Fonte: Opera Mundi


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