Somos duas amigas, nascidas no mesmo ano, mas em continentes diferentes, uma na terra do fado, outra na terra do samba, uma loira, outra morena, com um oceano pelo meio, mas que só fisicamente nos separa. Gostamos ambas de nos divertirmos e de coisas bonitas. Sim, vaidosas q.b.. As nossas intermináveis conversas com sotaques sobre quase tudo dão um blog. Porque ainda há muito a descobrir entre os dois países. E afinal não somos tão diferentes assim.



sexta-feira, 23 de junho de 2017

Tragédia em Pedrógão Grande

Berta:
A notícia do incêndio de Pedrógão Grande apanhou-me à vinda da praia. Desvalorizei, mais um. Não havíamos, mas estamos habituados. Até comentei "Começou". Jantarada e quase a deitar alguém comenta que já haviam 19 mortos. Calculei que fosse uma aldeia cercada, que calamidade...!
www.dn.pt/sociedade/interior/dezanove-mortos-no-incendio-de-pedrogao-grande-confirma-secretario-de-estado-8570268.html

A manhã, os dias seguintes trouxeram um drama indelineável sobre o qual choramos, desnorteados, ainda sem explicações, serão elas as que já sabemos de há anos, ou algum fenómeno natural anormal. 

Os números dispararam em toda a linha (até ao momento 64 mortos e cerca de 200 feridos), mas a brutalidade da génese desta tragédia mantém-se. As mesmas imagens de horror, a morte de famílias inteiras, imaginar a dor, o desespero final.

A pouco e pouco do drama colectivo começaram a saber-se nomes, histórias de vidas reduzidas a cinzas. Relatos que nos ferem por dentro e nos trazem um real sentimento de perda. Velhinhos a soluçar que haviam de ter sido eles os condenados e não os jovens. Partilhei no Facebook um apelo por um casal com dois filhinhos, dado como desaparecido, e caí no erro de entrar no link da mãe. Podia ser o meu perfil cheio de fotografias de momentos felizes com os seus anjinhos, algumas de horas antes do fogo os apanhar. Tirou-me o sono. É tortura. Mas infinitamente maior a deles e a dos que vão sofrer com as suas ausências.

Foram decretados 3 dias de luto nacional.

Portugal só muito devagarinho vai ultrapassar este trauma, e oxalá venham resultados já tardios da lição. Nestes dias vi debates e mais debates, ouvi coisas válidas e espero, exijo, e todos devemos exigir que se passe à acção, que é PREVENIR. Pela memória destes desafortunados e de todos aqueles que se perderam nos incêndios. Que não haja aproveitamento político, que é nojento.

Entretanto, que se AJUDE! Pouco importa que seja pelas linhas telefónicas a cobrar IVA, por donativos bancários com comissões, a saber que há gente que faz uma selecção dos materiais doados, por intermediários ou entregue em mãos, tudo isso agora é secundário. A hora é de dar um bocadinho de amparo àqueles que perderam tudo, inclusive os seus, custe o que custar.

Homenagear igualmente os verdadeiros heróis, aqueles que saem com mais probabilidades de não voltarem, praticamente a troco de nada: os bombeiros.

E que JAMAIS se repita! É culpa de todos nós. 








Imagens emblemáticas desta tragédia retiradas da Imprensa.
Ando muito agastada e confesso que me perdi com os créditos. Atribuo-os com todo o respeito se me forem fornecidos.

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